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Tommaso Gar
Tetraktys:
[[File:Tommaso Gar.jpg|thumb|Tommaso Gar]]
'''Tommaso Angelo Gar''' ([[Trento]], 22 de fevereiro de 1808 – [[Desenzano del Garda]], 27 de julho de 1871) foi um [[historiador]], [[tradutor]], [[literato]], [[arquivista]] e [[bibliotecário]] italiano.
Filho de Martino Gar e Domenica Rubini, de pobre condição, com muitos sacrifícios providenciaram ao filho uma boa educação no Liceu de Trento e depois na [[Universidade de Pádua]], onde laureou-se em 1831 em [[filosofia]]. Logo passou a dedicar-se à poesia e aos estudos literários, recebendo críticas positivas. Devido à sua pobreza, precisou buscar patrocinadores, encontrando apoio em algumas famílias aristocráticas do [[Trentino]] que estavam ligadas à administração imperial. Através delas obteve uma colocação na [[burocracia]] de Viena. Ali permaneceu por uma década, aperfeiçoando-se nas línguas alemã, espanhola e inglesa, dando aulas de italiano, fazendo traduções e empenhando-se na pesquisa histórica. Em 1838 foi empregado pelo [[mordomo]] da imperatriz, o conde [[Moritz von Dietrichstein]], para atuar como seu secretário. O conde era também bibliotecário da corte, franqueando-lhe o acesso a um vasto corpo documental e o contato com muitos eruditos, com os quais tomou lições de filosofia, [[antiquariato]], [[numismática]], [[biblioteconomia]], [[medicina]] e [[ciências]]. Em vista dessas capacidades, foi encarregado de administrar a correspondência italiana da imperatriz e recebeu acesso livre aos arquivos estatais, estudando uma rica documentação oficial relativa à Itália e ao Trentino, e em breve se tornava a principal referência para os historiadores da [[Lombardia]] e da [[Toscana]]. Concentrado nos temas históricos e críticos, sua produção poética se reduziu, mas nunca cessou, produzindo especialmente traduções de obras poéticas.<ref name="Allegri"> Allegri, Mario. [http://ift.tt/2pVjRGZ "Gar, Tommaso Angelo"]. In: ''Dizionario Biografico degli Italiani'', Volume 52. Treccani, 1999</ref><ref name="Blanco"/>
Em 1842 transferiu-se para [[Florença]], mas os motivos da mudança não são claros. Possivelmente seu republicanismo e seu anticlericalismo tenham tornado difícil sua convivência em um meio cortesão fortemente católico e hierarquizado, mas talvez tenha sido o motivo principal uma proposta de participação na construção de um projeto lítero-histórico toscano, o Archivio Storico Italiano, para o qual deu importante colaboração como membro da direção e do conselho editorial, revisando fontes, editando e publicando manuscritos, produzindo resenhas e bibliografias e escrevendo artigos e tratados. Através do Archivio fez numerosas viagens de estudos a cidades italianas e estrangeiras, entrando em contato com muitos outros eruditos.<ref name="Allegri"/><ref name="Blanco"/>
Em 1847 obteve o posto de bibliotecário da Universidade de Pádua, encarregando-se em um grande trabalho de reorganização do acervo. Durante a [[Revoluções de 1848|revolução de 1848]] o governo provisório vêneto designou-o delegado junto à Germânia e França para pugnar pela sua adesão à causa da [[República de São Marcos|independência veneziana]]. Depois do armistício, permaneceu em Florença, colaborando na defesa da cidade sitiada, e sendo incumbido de uma missão junto ao governo húngaro, ao qual devia pedir socorro, mas a missão foi abortada com o fim dos combates em 1849. Voltando a Pádua, a situação mudara, e sendo um estrangeiro, foi obrigado a voltar ao Trentino. Ali passou por dificuldades financeiras, mas foi auxiliado pelo conde Sizzo, que o empregou com a finalidade de que escrevesse uma história da cidade de Trento, tarefa que não concluiu. Com a fundação da Biblioteca Comunal de Trento, foi encarregado de dirigí-la, e ali passaria nove anos, ao mesmo tempo trabalhando como jornalista e continuando com suas pesquisas históricas.<ref name="Allegri"/><ref name="Blanco"/>
Com a [[Irredentismo italiano|anexação do Trentino]] pela Áustria, renunciou à sua cidadania austríaca e dirigiu-se a Milão, onde foi designado em 1862 diretor do arquivo Convitto Nazionale Longone, mas no ano seguinte já estava em Nápoles dirigindo a Biblioteca Universitária. Nesta instituição operou uma grande reforma nos critérios científicos e enriqueceu-a com uma coleção de cerca de três mil novos volumes. Ao mesmo tempo reorganizava o Gabinetto di Lettura, ampliando seu acervo. Em 1867 foi convidado a integrar uma comissão estatal dirigida pelo ministro Coppino com o fim de estabelecer melhores critérios científicos e administrativos para os arquivos italianos. No mesmo ano foi indicado para a direção do Archivio Generale Veneziano, posição que ambicionava há muito tempo. Três anos depois era feito presidente da instituição. Seu trabalho principal para o Archivio foi a recuperação de muitos documentos venezianos transportados para a Áustria em 1866.<ref name="Allegri"/><ref name="Blanco"/> Em 1869 colaborou em outra comissão estatal para reformar os sistemas, regulamentos e critérios científicos das bibliotecas, e no ano seguinte, a convite do ministro [[Pasquale Villari]], estabeleceu novos critérios para a formação dos quadros funcionais das bibliotecas do reino.<ref name="Blanco"/>
Gar era dono de uma vasta cultura, foi colaborador de várias revistas especializadas e membro de academias e associações culturais. Seu legado intelectual, político e historiográfico foi vasto e seminal. Foi um grande dínamo cultural, seus contemporâneos o tinham como o principal especialista italiano de sua geração em história e cultura da região germânica, deixou o primeiro tratado de [[biblioteconomia]] da Itália pós-unitária, é uma das principais referências oitocentistas sobre a história do [[Principado de Trento]], produziu estudos influentes em vários campos, foi um dos principais proponentes em sua geração de uma modernização da cultura e da pesquisa italianas, advogando pela adoção dos padrões científicos vigentes na Áustria, que considerava superiores, e defendeu a descentralização administrativa e cultural e a democratização do acesso aos acervos estatais arquivísticos e bibliotecários, em sua época geralmente restrito aos eruditos.<ref name="Allegri"/><ref name="Blanco"/> Foi ainda importante sua atuação como uma ponte entre os universos germânico e latino-italiano e sua participação política no processo de [[unificação da Itália]], inspirado no princípio de que a [[liberdade de consciência]] e [[liberdade de expressão|de expressão]] deviam definir a estrutura e funcionamento dos Estados. Segundo Luigi Blanco, Gar foi um personagem de excepcional relevo em seu tempo, e "deu uma alta contribuição para a construção científica e cultural do Estado Unificado italiano".<ref name="Blanco">Blanco, Luigi. [http://ift.tt/2EbLz5i "Tommaso Gar tra politica, istituizioni e storia (1807-1871)"]. In: ''Atti della Accademia Roveretana degli Agiati'', 2003; 253 (VIII:III A)</ref>
===Principais obras===
;História e crítica:
* ''Storia arcana ed altri scritti inediti di Marco Foscarini''
* ''Annali veneti dall'anno 1457 al 1500 di Domenico Malipiero''
* ''Dispacci al Senato veneto di Francesco Foscari e di altri oratori all'imperatore Massimiliano I''
* ''Storia veneta dettata da Daniel Barbaro e completata con la Storia segreta di Luigi Borghi dall'anno 1512 al 1515''
* ''Di un codice inedito dell'Archivio di Coblenza risguardante l'imperatore Enrico VII''
* ''Di un frammento inedito di Marco Foscarini intorno ai viaggiatori veneziani e di una nuova traduzione in tedesco dei Viaggi di Marco Polo''
* ''Relazioni dalla corte di Romanel secolo XVI (1510-1558)''
* ''Patto tra il Comune di Pergine e il Municipio di Vicenza l'anno 1166''
* ''L'Archivio del Castello di Thun''
* ''Biblioteca trentina'' (org., 6 volumes)
* ''Vita di Alessandro Vittoria'' (com S. Cresseri)
* ''Ricerche storiche riguardanti l'autorità e giurisdizione del magistrato consolare di Trento'' (com S. Cresseri)
* ''Annali del Principato ecclesiastico di Trento dal 1022 al 1540''
* ''Letture di bibliologia''
* ''Gli statuti della città di Trento''
* ''Memorie dell'Istituto veneto di scienze lettere ed arti''
* ''Quadro storico-critico della letteratura germanica del nostro secolo''
;Tradução:
* ''L'isolement'' (A. Lamartine)
* ''À Elvire'' (A. Lamartine)
* ''Cola di Rienzo e il suo secolo'' (F. Papencordt)
* ''Vita domestica dei Fiamminghi'' (H. Conscience)
* ''Della diplomazia italiana dal secolo XIII al XVI'' (A. von Reumont)
* ''Storia del Reame di Napoli dal 1414 al 1443'' (A. von Platen)
Sua volumosa correspondência traça um valioso panorama da cultura e da pesquisa de seu tempo, da sua trajetória pessoal, e da história das instituições onde trabalhou.<ref name="Blanco"/>
[[Categoria:Naturais de Trento]]
[[Categoria:Nascidos em 1808]]
[[Categoria:Mortos em 1871]]
[[Categoria:Arquivistas]]
[[Categoria:Bibliotecários da Itália]]
[[Categoria:Críticos literários da Itália]]
[[Categoria:História do Principado Episcopal de Trento]]
[[Categoria:Historiadores da Itália]]
[[Categoria:Poetas da Itália]]
[[Categoria:Tradutores da Itália]]
[[it:Tommaso Gar]]
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