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【外部リンク】
Gregos otomanos
Mcseixas:
[[Ficheiro:Hellenism_in_the_Near_East_1918.jpg|direita|miniaturadaimagem|215x215px| Civilização [[Gregos|helênica]] (em amarelo) no mar Egeu durante e após a [[Primeira Guerra Mundial]], por George Soteriadis[[Universidade de Atenas|(Universidade de Atenas)]]. ]]
Os '''gregos otomanos''' (em [[Língua grega|grego]]: Ρωμιοί, ) eram [[gregos]] étnicos que viviam no território do [[Império Otomano]] (1299–1923), o estado antecessor da [[Turquia|República da Turquia]] contemporânea. Eles eram [[Igreja Ortodoxa Grega|cristãos ortodoxos]] e administrativamente pertenciam ao Millet de Rum (''Millet-i Rum''). Estavam concentrados nos territórios que hoje compõem a [[Grécia]] moderna, na [[Trácia Oriental|Trácia oriental]] (especialmente em [[Constantinopla]] e seus arredores), no oeste da Ásia Menor (especialmente em [[Esmirna]] e arredores), na Anatólia central (especialmente na região da [[Capadócia]]) e no nordeste da Anatólia (especialmente no vilayet de Erzurum, nos arredores de [[Trebizonda]] e nos [[Montes Pônticos]], em território aproximadamente correspondente ao [[Império de Trebizonda|Império medieval de Trebizonda]]). Também existiam comunidades gregas de tamanho considerável em domínios otomanos nos [[Bálcãs]], na [[Arménia|Armênia]] e no [[Cáucaso]] - inclusive na região que, entre 1878 e 1917, constituiu a província caucasiana [[Império Russo|russa]] do [[Kars (província)|Oblast de Kars]], na qual [[gregos pônticos]], gregos do nordeste da Anatólia e gregos caucasianos que colaboraram com o [[Exército Imperial Russo]] na [[Guerra Russo-Turca (1828–1829)|Guerra Russo-Turca de 1828 a 1829]] foram assentados como parte da política oficial da Rússia de repovoar com cristãos ortodoxos uma área anteriormente habitada por [[Otomanos|muçulmanos otomanos]] e por [[armênios]].
== História ==
=== Introdução ===
[[Ficheiro:Greek_Asia_Minor_dialects.png|direita|miniaturadaimagem|200x200px| Distribuição linguística dos gregos da Anatólia em 1910: falantes de [[Grego moderno|grego demótico]] em amarelo, de [[Grego do Ponto|grego pôntico]] em laranja e de [[Gregos capadócios|grego capadócio]] em verde, com as principais comunidades indicadas de modo individual<ref>.</ref> ]]
No Império Otomano, de acordo com o sistema muçulmano de tratamento aos súditos ''[[dhimmi]]'', os [[Cristão|cristãos]] gregos possuíam algumas liberdades limitadas (como o [[Liberdade religiosa|direito de culto]]), mas eram tratados como [[Exclusão social|cidadãos de segunda classe]]. Cristãos e [[judeus]] não eram considerados iguais aos [[Muçulmano|muçulmanos]]: testemunhos realizados por cristãos ou judeus contra muçulmanos não eram permitidos nos tribunais. Eles eram, ainda, proibidos de portar [[Arma|armas]] e de andar a [[cavalo]]; suas casas não podiam ser construídas acima das casas dos muçulmanos, e suas práticas religiosas precisavam respeitar as dos muçulmanos, além de várias outras limitações legais.<ref>.</ref> Qualquer violação dessas regras resultava em punições que podiam variar do pagamento de [[Multa|multas]] à [[Pena de morte|execução]].
O [[Patriarcado Ecumênico de Constantinopla|Patriarca Ecumênico de Constantinopla]] era reconhecido como a máxima autoridade política e religiosa (millet-bashi, ou [[etnarca]]) de todos os súditos cristãos ortodoxos do [[Lista de sultões do Império Otomano|sultão]], embora durante certos períodos algumas grandes potências estrangeiras, como a [[Império Russo|Rússia]] (sob o [[Tratado de Küçük-Kainarji|Tratado de Küçük Kaynarca]] de 1774) ou [[Grã-Bretanha|a Grã-Bretanha]] reivindicaram os direitos de proteção sobre as populações ortodoxas do Império Otomano.
=== Século 19 ===
As três grandes potências europeias (Grã-Bretanha, [[França]] e Rússia) contestaram o tratamento dado pelo Império Otomano à sua população cristã e passaram a pressionar cada vez mais o governo otomano (metonimicamente conhecido como a [[Sublime Porta]]) a estender direitos iguais a todos os seus cidadãos. A partir de 1839, o governo otomano implementou as reformas [[Tanzimat]] para melhorar a situação dos não-muçulmanos, porém estas eventualmente se provaram amplamente ineficazes. Em 1856, o édito de reforma imperial (''Islâhat Hatt-ı Hümayun)'' prometeu igualdade a todos os cidadãos otomanos independentemente de sua fé ou etnia, ampliando o escopo de um documento anterior (<nowiki><i id="mwRg">Hatt-Şerif</i></nowiki> de Gülhane em 1839). O período de reformas atingiu seu auge com a promulgação da Constituição (ou ''Kanûn-ı Esâsî'' em [[Língua turca otomana|turco otomano]]) em 23 de novembro de 1876, que determinou a liberdade de crença e a igualdade de todos os cidadãos perante a lei.
=== Século 20 ===
[[Ficheiro:Proportions_des_populations_en_Asie_Mineure_statistique_officielle_d1914.png|miniaturadaimagem|240x240px| Um documento de 1914 evidenciando os números oficiais do censo populacional de 1914 do [[Império Otomano]]. A população total (soma de todos os [[Millet|millets]]) foi de 20.975.345, com 1.792.206 gregos. ]]
Em 24 de julho de 1908, as expectativas dos gregos por igualdade no Império Otomano aumentaram com a deposição do sultão [[Abdulamide II|Abdul Hamid II]] (r. 1876–1909) e com a subsequente restauração da monarquia constitucional no país. O [[Jovens Turcos|Comitê de União e Progresso]] (mais conhecido como o movimento dos [[Jovens Turcos]]), um partido político contrário ao [[absolutismo]] do sultão Abdul Hamid II, liderou uma rebelião contra o governo. Os Jovens Turcos reformistas depuseram o sultão e o substituíram pelo ineficaz sultão [[Maomé V Raxade|Mehmed V]] (r. 1908–1918).
Antes da Primeira Guerra Mundial, havia cerca de 1,8 milhão de gregos vivendo sob o [[Império Otomano]].<ref>.</ref> Alguns gregos otomanos proeminentes inclusive serviram como parlamentares otomanos. No Parlamento Otomano de 1908 havia 26 deputados gregos, mas este número caiu para 18 em 1914.<ref>.</ref> Estima-se que a população grega do Império Otomano na Ásia Menor possuísse 2.300 escolas comunitárias, 200.000 estudantes, 5.000 professores, 2.000 igrejas ortodoxas e 3.000 sacerdotes ortodoxos. <ref></ref>
Entre 1914 e 1923, os gregos da [[Trácia]] e da [[Anatólia|Ásia Menor]] foram submetidos a uma campanha de massacres e deportações internas que incluiu [[Marcha da Morte|marchas da morte]]. A Associação Internacional dos Acadêmicos em Genocídio (IAGS, na sigla em inglês) reconhece este período como um [[genocídio]] e se refere à campanha como [[genocídio grego]]. <ref></ref>
== Patriarcado de Constantinopla ==
Depois da [[queda de Constantinopla]] em 1453, quando o [[Dinastia otomana|sultão]] essencialmente substituiu o [[Lista de imperadores bizantinos|imperador bizantino]] no papel de autoridade sobre os cristãos subjugados, o [[Patriarcado Ecumênico de Constantinopla|Patriarca Ecumênico de Constantinopla]] foi reconhecido por [[Maomé II, o Conquistador|Maomé II]] como o líder religioso e nacional (''[[etnarca]]'') dos gregos e das outras etnias incluídas no [[Millet]] ortodoxo grego. O Patriarcado conquistou uma importância central e ocupou esse papel fundamental entre os cristãos do Império Otomano porque os otomanos não reconheciam distinção legal entre [[nacionalidade]] e [[religião]] e, portanto, consideravam todos os [[Igreja Ortodoxa|cristãos ortodoxos]] do Império como uma única entidade social.
A posição de destaque do Patriarcado no estado otomano incentivou alguns projetos de [[renascimento]] grego centrados em noções de ressurreição e revitalização do antigo [[Império Bizantino]]. O patriarca e as autoridades eclesiásticas ao seu redor constituíram o primeiro centro de poder grego no contexto do estado otomano, tendo obtido êxito em infiltrar as estruturas do [[Império Otomano]] enquanto atraía membros da antiga nobreza bizantina.
== Identidade ==
[[Ficheiro:Illustration_from_Views_in_the_Ottoman_Dominions_by_Luigi_Mayer,_digitally_enhanced_by_rawpixel-com_1.jpg|miniaturadaimagem| Gregos otomanos em [[Constantinopla]]. Pintura de Luigi Mayer ]]
Os gregos compunham um grupo autoconsciente dentro da comunidade religiosa ortodoxa cristã estabelecida pelo Império Otomano.<ref name="Harrison">: "The Greeks belonged to the community of the Orthodox subjects of the Sultan. But within that larger unity they formed a self-conscious group marked off from their fellow Orthodox by language and culture and by a tradition of education never entirely interrupted, which maintained their Greek identity."</ref> Eles se distinguiam de seus irmãos ortodoxos ao manter sua própria cultura, costumes, idioma e tradição grega na educação.<ref>: "While living as a ''millet'' under the Ottoman Empire they retained their own religion, customs, and language, and the 'Greeks became the most important non-Turkish element in the Ottoman Empire'."</ref> Ao longo dos períodos pós-bizantino e otomano os gregos, enquanto membros do Patriarcado Ecumênico de Constantinopla, se denominaram ''Graikoi'' (em grego: Γραικοί, "gregos") e ''Romaioi'' ou ''Romioi'' (em grego: Ρωμαίοι / Ρωμηιοί, "Romanos").<ref>: "All the peoples belonging to the flock of the Ecumenical Patriarchate declared themselves ''Graikoi'' (Greeks) or ''Romaioi'' (Romans - Rums)."</ref><ref>: "The people we have named as Greeks (''Hellenes'' in the Greek language) would not describe themselves as such – they are generally known as ''Romioi'' and ''Graikoi'' – but according to their context the meaning of these words broadens to include or exclude population groups of another language and, at the same time, ethnicity."</ref><ref>: "...ησάν ποτε κύριοι Αθηνών, και ενωτίζοντο, ότι η νέων Ρωμαίων είτε Γραικών βασιλεία ασθενείν άρχεται..."</ref>
== Gregos otomanos notáveis ==
* Aleksandro Karatodori (1833–1906).
* [[Basil Zaharoff]] (1850–1936), comerciante de armas e empresário.
* Christakis Zografos (1820–1896), banqueiro e benfeitor.
* [[Elia Kazan]] (1909–2003), diretor, produtor, roteirista e ator.
* Elias Venezis (1904–1973), escritor de Ayvalık.
* Evangelinos Misailides (1820-1890).
* Hüseyin Hilmi Pasha (1855–1922), grão-vizir.
* Pargali Ibrahim Pasha (1494–1536), grão-vizir de [[Solimão, o Magnífico]].
* [[Cosem Sultana|Kösem Sultan]] (1589-1651), esposa do [[Lista de sultões do Império Otomano|sultão otomano]] [[Amade I|Ahmed I.]]
* Michael Vasileiou, comerciante e benfeitor do século XIX.
* Nicholas Mavrocordatos (1670-1730).
* [[Aléxandros Mavrokordátos|Príncipe Alexander Mavrocordatos]] (1791-1865), estadista grego.
* Jorge Zarifi (1810-1884), banqueiro e conselheiro econômico do sultão [[Abdulamide II|Abul Hamid II]].
* [[Aristóteles Onassis]] (1906-1975), magnata e empresário de marinha mercante.
* [[Roza Eskenazi]] (1890–1980), cantora famoso.
* Rita Abatzi (1914–1969), cantora famosa.
* Marika Ninou (1918–1957), cantora famosa.
* Giannis Papaioannou (1913-1972), cantor famoso.
* Kostas Skarvelis (1880-1942), cantor famoso.
* Matthaios Kofidis (1855-1921), empresário e político.
* Alberto Abravanel (1897-1976), imigrante [[sefardita]] grego no Brasil, pai do magnata e apresentador brasileiro de televisão [[Silvio Santos]].<ref>On Line Editora. ''Silvio Santos - Grandes Ídolos''. On Line Editora. p. 6.</ref>
== Galeria ==
<center><gallery>
Ficheiro:AsiaMinor1910.jpg|Mapa etnológico representando os gregos otomanos (em azul) em 1910.
Ficheiro:Ethnicturkey1911.jpg|Mapa que descreve a composição étnica dos territórios otomanos em 1911.
Ficheiro:Declaration of the 1908 Revolution in Ottoman Empire.png|Restauração da [[Second Constitutional Era (Ottoman Empire)|Constituição]] otomana após a [[Revolução dos Jovens Turcos]] em 1908; na foto, líderes muçulmanos, gregos e armênios juntos.
</gallery></center>
== Veja também ==
* [[Anatólia|Asia menor]]
* [[Genocídio grego]]
* [[Igreja Ortodoxa Grega]]
* [[Patriarcado Ecumênico de Constantinopla]]
* [[Millet]]
* [[Império Otomano]]
* [[Fener]]
* [[História da Grécia Moderna]]
* [[História da Turquia]]
* [[Gregos pônticos]]
* [[Gregos de Antioquia]]
* [[Capadócios gregos]]
* [[Igreja Católica Bizantina Grega]]
== Referências ==
== Leitura adicional ==
[[Categoria:Gregos do Império Otomano]]
[[Categoria:Império Otomano]]
[[Categoria:Grécia na Idade Moderna]]
[[Categoria:Grécia na Idade Contemporânea]]
[[Categoria:Povos da Anatólia]]
Os '''gregos otomanos''' (em [[Língua grega|grego]]: Ρωμιοί, ) eram [[gregos]] étnicos que viviam no território do [[Império Otomano]] (1299–1923), o estado antecessor da [[Turquia|República da Turquia]] contemporânea. Eles eram [[Igreja Ortodoxa Grega|cristãos ortodoxos]] e administrativamente pertenciam ao Millet de Rum (''Millet-i Rum''). Estavam concentrados nos territórios que hoje compõem a [[Grécia]] moderna, na [[Trácia Oriental|Trácia oriental]] (especialmente em [[Constantinopla]] e seus arredores), no oeste da Ásia Menor (especialmente em [[Esmirna]] e arredores), na Anatólia central (especialmente na região da [[Capadócia]]) e no nordeste da Anatólia (especialmente no vilayet de Erzurum, nos arredores de [[Trebizonda]] e nos [[Montes Pônticos]], em território aproximadamente correspondente ao [[Império de Trebizonda|Império medieval de Trebizonda]]). Também existiam comunidades gregas de tamanho considerável em domínios otomanos nos [[Bálcãs]], na [[Arménia|Armênia]] e no [[Cáucaso]] - inclusive na região que, entre 1878 e 1917, constituiu a província caucasiana [[Império Russo|russa]] do [[Kars (província)|Oblast de Kars]], na qual [[gregos pônticos]], gregos do nordeste da Anatólia e gregos caucasianos que colaboraram com o [[Exército Imperial Russo]] na [[Guerra Russo-Turca (1828–1829)|Guerra Russo-Turca de 1828 a 1829]] foram assentados como parte da política oficial da Rússia de repovoar com cristãos ortodoxos uma área anteriormente habitada por [[Otomanos|muçulmanos otomanos]] e por [[armênios]].
== História ==
=== Introdução ===
[[Ficheiro:Greek_Asia_Minor_dialects.png|direita|miniaturadaimagem|200x200px| Distribuição linguística dos gregos da Anatólia em 1910: falantes de [[Grego moderno|grego demótico]] em amarelo, de [[Grego do Ponto|grego pôntico]] em laranja e de [[Gregos capadócios|grego capadócio]] em verde, com as principais comunidades indicadas de modo individual<ref>.</ref> ]]
No Império Otomano, de acordo com o sistema muçulmano de tratamento aos súditos ''[[dhimmi]]'', os [[Cristão|cristãos]] gregos possuíam algumas liberdades limitadas (como o [[Liberdade religiosa|direito de culto]]), mas eram tratados como [[Exclusão social|cidadãos de segunda classe]]. Cristãos e [[judeus]] não eram considerados iguais aos [[Muçulmano|muçulmanos]]: testemunhos realizados por cristãos ou judeus contra muçulmanos não eram permitidos nos tribunais. Eles eram, ainda, proibidos de portar [[Arma|armas]] e de andar a [[cavalo]]; suas casas não podiam ser construídas acima das casas dos muçulmanos, e suas práticas religiosas precisavam respeitar as dos muçulmanos, além de várias outras limitações legais.<ref>.</ref> Qualquer violação dessas regras resultava em punições que podiam variar do pagamento de [[Multa|multas]] à [[Pena de morte|execução]].
O [[Patriarcado Ecumênico de Constantinopla|Patriarca Ecumênico de Constantinopla]] era reconhecido como a máxima autoridade política e religiosa (millet-bashi, ou [[etnarca]]) de todos os súditos cristãos ortodoxos do [[Lista de sultões do Império Otomano|sultão]], embora durante certos períodos algumas grandes potências estrangeiras, como a [[Império Russo|Rússia]] (sob o [[Tratado de Küçük-Kainarji|Tratado de Küçük Kaynarca]] de 1774) ou [[Grã-Bretanha|a Grã-Bretanha]] reivindicaram os direitos de proteção sobre as populações ortodoxas do Império Otomano.
=== Século 19 ===
As três grandes potências europeias (Grã-Bretanha, [[França]] e Rússia) contestaram o tratamento dado pelo Império Otomano à sua população cristã e passaram a pressionar cada vez mais o governo otomano (metonimicamente conhecido como a [[Sublime Porta]]) a estender direitos iguais a todos os seus cidadãos. A partir de 1839, o governo otomano implementou as reformas [[Tanzimat]] para melhorar a situação dos não-muçulmanos, porém estas eventualmente se provaram amplamente ineficazes. Em 1856, o édito de reforma imperial (''Islâhat Hatt-ı Hümayun)'' prometeu igualdade a todos os cidadãos otomanos independentemente de sua fé ou etnia, ampliando o escopo de um documento anterior (<nowiki><i id="mwRg">Hatt-Şerif</i></nowiki> de Gülhane em 1839). O período de reformas atingiu seu auge com a promulgação da Constituição (ou ''Kanûn-ı Esâsî'' em [[Língua turca otomana|turco otomano]]) em 23 de novembro de 1876, que determinou a liberdade de crença e a igualdade de todos os cidadãos perante a lei.
=== Século 20 ===
[[Ficheiro:Proportions_des_populations_en_Asie_Mineure_statistique_officielle_d1914.png|miniaturadaimagem|240x240px| Um documento de 1914 evidenciando os números oficiais do censo populacional de 1914 do [[Império Otomano]]. A população total (soma de todos os [[Millet|millets]]) foi de 20.975.345, com 1.792.206 gregos. ]]
Em 24 de julho de 1908, as expectativas dos gregos por igualdade no Império Otomano aumentaram com a deposição do sultão [[Abdulamide II|Abdul Hamid II]] (r. 1876–1909) e com a subsequente restauração da monarquia constitucional no país. O [[Jovens Turcos|Comitê de União e Progresso]] (mais conhecido como o movimento dos [[Jovens Turcos]]), um partido político contrário ao [[absolutismo]] do sultão Abdul Hamid II, liderou uma rebelião contra o governo. Os Jovens Turcos reformistas depuseram o sultão e o substituíram pelo ineficaz sultão [[Maomé V Raxade|Mehmed V]] (r. 1908–1918).
Antes da Primeira Guerra Mundial, havia cerca de 1,8 milhão de gregos vivendo sob o [[Império Otomano]].<ref>.</ref> Alguns gregos otomanos proeminentes inclusive serviram como parlamentares otomanos. No Parlamento Otomano de 1908 havia 26 deputados gregos, mas este número caiu para 18 em 1914.<ref>.</ref> Estima-se que a população grega do Império Otomano na Ásia Menor possuísse 2.300 escolas comunitárias, 200.000 estudantes, 5.000 professores, 2.000 igrejas ortodoxas e 3.000 sacerdotes ortodoxos. <ref></ref>
Entre 1914 e 1923, os gregos da [[Trácia]] e da [[Anatólia|Ásia Menor]] foram submetidos a uma campanha de massacres e deportações internas que incluiu [[Marcha da Morte|marchas da morte]]. A Associação Internacional dos Acadêmicos em Genocídio (IAGS, na sigla em inglês) reconhece este período como um [[genocídio]] e se refere à campanha como [[genocídio grego]]. <ref></ref>
== Patriarcado de Constantinopla ==
Depois da [[queda de Constantinopla]] em 1453, quando o [[Dinastia otomana|sultão]] essencialmente substituiu o [[Lista de imperadores bizantinos|imperador bizantino]] no papel de autoridade sobre os cristãos subjugados, o [[Patriarcado Ecumênico de Constantinopla|Patriarca Ecumênico de Constantinopla]] foi reconhecido por [[Maomé II, o Conquistador|Maomé II]] como o líder religioso e nacional (''[[etnarca]]'') dos gregos e das outras etnias incluídas no [[Millet]] ortodoxo grego. O Patriarcado conquistou uma importância central e ocupou esse papel fundamental entre os cristãos do Império Otomano porque os otomanos não reconheciam distinção legal entre [[nacionalidade]] e [[religião]] e, portanto, consideravam todos os [[Igreja Ortodoxa|cristãos ortodoxos]] do Império como uma única entidade social.
A posição de destaque do Patriarcado no estado otomano incentivou alguns projetos de [[renascimento]] grego centrados em noções de ressurreição e revitalização do antigo [[Império Bizantino]]. O patriarca e as autoridades eclesiásticas ao seu redor constituíram o primeiro centro de poder grego no contexto do estado otomano, tendo obtido êxito em infiltrar as estruturas do [[Império Otomano]] enquanto atraía membros da antiga nobreza bizantina.
== Identidade ==
[[Ficheiro:Illustration_from_Views_in_the_Ottoman_Dominions_by_Luigi_Mayer,_digitally_enhanced_by_rawpixel-com_1.jpg|miniaturadaimagem| Gregos otomanos em [[Constantinopla]]. Pintura de Luigi Mayer ]]
Os gregos compunham um grupo autoconsciente dentro da comunidade religiosa ortodoxa cristã estabelecida pelo Império Otomano.<ref name="Harrison">: "The Greeks belonged to the community of the Orthodox subjects of the Sultan. But within that larger unity they formed a self-conscious group marked off from their fellow Orthodox by language and culture and by a tradition of education never entirely interrupted, which maintained their Greek identity."</ref> Eles se distinguiam de seus irmãos ortodoxos ao manter sua própria cultura, costumes, idioma e tradição grega na educação.<ref>: "While living as a ''millet'' under the Ottoman Empire they retained their own religion, customs, and language, and the 'Greeks became the most important non-Turkish element in the Ottoman Empire'."</ref> Ao longo dos períodos pós-bizantino e otomano os gregos, enquanto membros do Patriarcado Ecumênico de Constantinopla, se denominaram ''Graikoi'' (em grego: Γραικοί, "gregos") e ''Romaioi'' ou ''Romioi'' (em grego: Ρωμαίοι / Ρωμηιοί, "Romanos").<ref>: "All the peoples belonging to the flock of the Ecumenical Patriarchate declared themselves ''Graikoi'' (Greeks) or ''Romaioi'' (Romans - Rums)."</ref><ref>: "The people we have named as Greeks (''Hellenes'' in the Greek language) would not describe themselves as such – they are generally known as ''Romioi'' and ''Graikoi'' – but according to their context the meaning of these words broadens to include or exclude population groups of another language and, at the same time, ethnicity."</ref><ref>: "...ησάν ποτε κύριοι Αθηνών, και ενωτίζοντο, ότι η νέων Ρωμαίων είτε Γραικών βασιλεία ασθενείν άρχεται..."</ref>
== Gregos otomanos notáveis ==
* Aleksandro Karatodori (1833–1906).
* [[Basil Zaharoff]] (1850–1936), comerciante de armas e empresário.
* Christakis Zografos (1820–1896), banqueiro e benfeitor.
* [[Elia Kazan]] (1909–2003), diretor, produtor, roteirista e ator.
* Elias Venezis (1904–1973), escritor de Ayvalık.
* Evangelinos Misailides (1820-1890).
* Hüseyin Hilmi Pasha (1855–1922), grão-vizir.
* Pargali Ibrahim Pasha (1494–1536), grão-vizir de [[Solimão, o Magnífico]].
* [[Cosem Sultana|Kösem Sultan]] (1589-1651), esposa do [[Lista de sultões do Império Otomano|sultão otomano]] [[Amade I|Ahmed I.]]
* Michael Vasileiou, comerciante e benfeitor do século XIX.
* Nicholas Mavrocordatos (1670-1730).
* [[Aléxandros Mavrokordátos|Príncipe Alexander Mavrocordatos]] (1791-1865), estadista grego.
* Jorge Zarifi (1810-1884), banqueiro e conselheiro econômico do sultão [[Abdulamide II|Abul Hamid II]].
* [[Aristóteles Onassis]] (1906-1975), magnata e empresário de marinha mercante.
* [[Roza Eskenazi]] (1890–1980), cantora famoso.
* Rita Abatzi (1914–1969), cantora famosa.
* Marika Ninou (1918–1957), cantora famosa.
* Giannis Papaioannou (1913-1972), cantor famoso.
* Kostas Skarvelis (1880-1942), cantor famoso.
* Matthaios Kofidis (1855-1921), empresário e político.
* Alberto Abravanel (1897-1976), imigrante [[sefardita]] grego no Brasil, pai do magnata e apresentador brasileiro de televisão [[Silvio Santos]].<ref>On Line Editora. ''Silvio Santos - Grandes Ídolos''. On Line Editora. p. 6.</ref>
== Galeria ==
<center><gallery>
Ficheiro:AsiaMinor1910.jpg|Mapa etnológico representando os gregos otomanos (em azul) em 1910.
Ficheiro:Ethnicturkey1911.jpg|Mapa que descreve a composição étnica dos territórios otomanos em 1911.
Ficheiro:Declaration of the 1908 Revolution in Ottoman Empire.png|Restauração da [[Second Constitutional Era (Ottoman Empire)|Constituição]] otomana após a [[Revolução dos Jovens Turcos]] em 1908; na foto, líderes muçulmanos, gregos e armênios juntos.
</gallery></center>
== Veja também ==
* [[Anatólia|Asia menor]]
* [[Genocídio grego]]
* [[Igreja Ortodoxa Grega]]
* [[Patriarcado Ecumênico de Constantinopla]]
* [[Millet]]
* [[Império Otomano]]
* [[Fener]]
* [[História da Grécia Moderna]]
* [[História da Turquia]]
* [[Gregos pônticos]]
* [[Gregos de Antioquia]]
* [[Capadócios gregos]]
* [[Igreja Católica Bizantina Grega]]
== Referências ==
== Leitura adicional ==
[[Categoria:Gregos do Império Otomano]]
[[Categoria:Império Otomano]]
[[Categoria:Grécia na Idade Moderna]]
[[Categoria:Grécia na Idade Contemporânea]]
[[Categoria:Povos da Anatólia]]
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